terça-feira, 10 de março de 2009

QUINZE ANOS


TER QUINZE ANOS

É ser doce e desajeitado ao mesmo tempo
E sentir em cada poro o vento
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É gostar dos pais e dos avós
E não lhes saber dizer

Que sonhamos com aves e com rios
Com satélites e com robots
Com um mundo onde cabe a esperança
Num coração grande de criança
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É ser filósofo e ser poeta
Astronauta e matemático

Mas querer ir à noite à discoteca
E dançar como um louco no telhado
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É não gostar nada de Francês
Porque a Terra girou tanto e misturou-se

E afinal falamos todos Inglês
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É ser fanfarrão e aventureiro
Percorrer galopando corredores de néon
Ter a cama desfeita e o quarto desarrumado
E as camisolas a passear por todo o lado
Ter um corpo a crescer e não saber
Se a cabeça está em cima do pescoço
Ou se viaja pelo espaço entre as estrelas
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É ter amigos e partilhar segredos
Ser generoso e não sentir medos
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É ser sempre aquele que despeja o lixo
E na noite escura passeia o cão
A sonhar com uma namorada linda
Que seja meiga e nos dê a mão
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Manuela Baptista
Estoril, 10 de Março de 2009
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Para o Zaca, que faz hoje, dia 10 de Março quinze anos.

Companheiro dos jantares de sexta-feira, sobrinho muito querido, que gosta de Contrabaixo e de Tim Burton partilhando com ele e connosco um humor muito negro...
Se a tua tia já disse tudo, que me resta a mim dizer!?
Ter quinze anos é saber o que, julgando que se sabe, ainda falta muito para, pela experiência, se saber mesmo!

Um grande abraço de parabéns
Dos tios
Manuela e Jaime

4 comentários:

Anónimo disse...

ZACA E MANUELA

Meus Queridos,

Queria agradecer-vos o excelente pretexto que me deram para mudar de assunto!

Já estava na hora ...

Celebrar a vida nos teus quinze anos, querido sobrinho, vale bem mais a pena!!

Se esta fosse mais celebrada, cantada, erguida em hinos como o que escreveste, minha querida, o ressaibiamento seria um papão bem menos sublinhado e pesaria de outra maneira nos nossos quotidianos!!!

Deus, no Seu pleno significado recíproco, porque sem reciprocidade não há Amor, abrir-se-ía com este ou outros nomes a nossos olhos em toda a Sua receptividade ...

Os choques de cultura ou religiosos que fossem, porque logo no afirmarmo-nos pelos antípodas crentes ou descrentes existe um residual belicista, sem intifadas ou pedras na mão, prontas a serem atiradas numa atitude agressivamente defensiva mas desconfiada, sem mínima concessão do benefício da dúvida, esfumar-se-íam de uma penada num olhar receptivo em relação ao Outro ...

E como, não apenas quero perdoar como seguir em frente e não posso seguir em frente sem perdoar, isto é, sem resolver as minhas dores de alma, o aniversário do nosso sobrinho surgiu que nem ginjas.

Ninja meu querido Zaca, sonha também em seres Ninja!

Uma vez mais, abraços de parabéns!!!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Março de 2009

Anónimo disse...

Construção Adolescente

Tenho deste tempo uma memória suave, apesar de todas as contradições e encruzilhadas da vida.

Estava num colégio interno, mas gostava das freiras e dos professores; gostava do cheiro a cera do chão de madeira, das paredes pintadas "a fresco",da neblina característica da Serra de Sintra,das conversas nocturnas em surdina, dos segredos partilhados e das castanhas que, no Outono, a quinta nos dava e com as quais enchíamos os bolsos e roíamos por todo o lado, até nas aulas.

Foi aí, que aos quinze anos, me apaixonei por Ingmar Bergman, pelos seus "Morangos Silvestres" e "O Sétimo Selo".

Nesse tempo o colégio era pioneiro em matéria de ensino e tinhamos uma cadeira chamada "Iniciação ao Cinema", que para mim já não era uma iniciação, porque desde pequena não perdia um filme que passasse nos cinemas da linha (do Estoril) e que eram muitos nessa altura.

Como sempre fui muito alta para a idade, começei a ver filmes para adultos antes do tempo, ou seja no tempo certo, que era o meu tempo.

Foi também aqui, neste colégio, que incentivada pela professora de Português comecei a escrever.
Esta professora chamava-se Bela e foi a senhora mais feia por fora mas, a mais Bela por dentro, que eu conheci até hoje.

E graças à Sra. D. Bela, à minha adolescência e à tranquilidade dos castanheiros de Sintra, tornei-me uma construtora de palavras e de sonhos.

Manuela Baptista

Anónimo disse...

Tem um presente para si,
no meu Blog :)

Um beijinho

Anónimo disse...

ELLEN

Já Lhe respondi no Seu blogue e reza assim:


PERFUME


Do perfume eu levo o cheiro
Roubo-o por inteiro
Como ao frasco o não levo
Fica aqui que eu não me atrevo

É o cheiro o meu esteiro
Minha pegada de armeiro
Dou-lhe em troca este trevo
A alegria em que fervo

Estas quadras meu canteiro
Passos no meu lameiro
Nelas Lhe dou um acervo
Agradecido e certeiro


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Março de 2009