quinta-feira, 26 de março de 2009

RISCO

http://www.youtube.com/watch?v=5ofaoLKPz7c
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Uma Obra, por definição criativa, comporta sempre um risco.
O risco que deriva das pontes que se lançam e que os outros poderão não estar disponíveis para agarrar, abraçar, como um amor impossível, impossível num tempo que mata, trucida os intrépidos.
Risco qual traço ou rasgão que se aparentemente divide, rompe o tecido em que se produz e separando águas as faz confluir em torrente larvar antes da metamorfose que às borboletas as liberta e as faz voar num sonho que se acalenta e pesem como pesam, repito, os aparentemente suicidários riscos.

Num belo dia veremos
Erguer-se um fio de fumo
No extremo confim do mar
E o navio branco aparece
Saudando-nos
Vedes
Chegou
Entra no porto
E desço ao seu encontro
Eu sim

( Réplica a excerto de um tema de Madame Butterfly, Un bel di vedremo )

Eu tenho a coragem de o aclamar, ao navio que vai cantando e afugentando a morte que ronda, ameaçadora, na intrepidez da Vida que é mais forte e nos reúne, convocando, interpelando à viagem.
Desafiando a abraçá-la, à música arriscada, tocada, dedilhada no vidro, à Vida.
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http://www.youtube.com/watch?v=YICrFKp8JFk
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Março de 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

The Glass Menagerie

As Pausas não se medem apenas pela sua duração, mas sobretudo pela sua intensidade.

O cristal é forte e frágil.
Se for um artista a manipulá-lo produz sons maravilhosos mas se alguém menos cuidadoso o tocar, risca-se, parte-se e magoa.

M.(adame) B.(utterfly)

Anónimo disse...

RISCO


Risco de riscar

O vidro parte

Cristal

Quartzo

Tocar

A água

O tom

Saiba-se

Deitá-la

Certo o som

Cristaleiro harmónico

É ter dom


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009