quinta-feira, 26 de março de 2009

A TRAIÇÃO E O LUDÍBRIO

http://www.youtube.com/watch?v=EEAANmII_5s
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A traição, o sentimento da traição, resulta, amiúde, do simples desencontro.
Sinto-me traído e sou incapaz de perdoar como se aquele que supostamente me trai, movido em absoluto pelo malévolo, deliberada e conscientemente, manicaisticamente, fosse movido por essa intenção, a intenção expressa de me trair.
Sem apelo e sem agravo ...
Eu conheci o sentimento da traição, da traição política que se abateu implacável e irremediável, supostamente implacável sobre mim, maquiavélica e demorei anos, depois do meu mundo ter desabado completamente, a resolvê-la, a perdoá-la também!
Mas mesmo num tal contexto, no contexto da traição há sempre dois lados e ambos não são inteiramente isentos no sentir que em tal caso se gera!
Mas acabei por resolvê-la e perdoar, explicitamente, à parte que supostamente me traiu.
Bati-lhe à porta e perdoei-lhe!
E, bem vistas as coisas ...
Como teria eu chegado até aqui sem lhe perdoar, sem ter resolvido os nós que em rigor me toldavam e impediam de prosseguir verdadeiramente livre e disponível na minha senda!?
Dizei-me como!???
O sentimento da traição, fruto, quantas vezes, do mal-entendido, do ludibrio, macula por demais, venenoso, o nosso quanto possível bem-estar, tolhe-nos, diminui-nos!
Passados dois mil anos Judas merecia habitar na Casa dos Santos...!
Sim, pois que sem ele, onde teria ficado o Sacrifício de Cristo e, sobretudo, tal como O conhecemos e em que quantos nele acreditam e fazem dele a sua Fé!?
Que seria dessa Saga!?
O Império Romano foi corroido por manchas dessas das quais o assassinato de César é paradigmático momento e a Igreja, sua herdeira intemporal, desde o Seu início, igualmente e essas manchas longe de serem motivo de afirmação que não o são pois que pela negativa se alicerçam e em rigor não cicatrizam deveriam levar a que se resolvessem, a que fossem sublimados esses nós, isto é, a exaltar-se e a purificar-se contemplando reconhecidamente os seus intervenientes, todos eles, sem os quais, repito, a Gesta não teria acontecido.
Se Judas fosse aceite na Casa dos Santos como um entre os demais, pergunto-me, que bênção não se aspergeria sobre o conflito no Oriente Próximo que como sabemos, não adianta escamoteá-lo (!), tem na sua génese, quer se queira quer não, uma fractura religiosa que, aliás, explica, ajuda a explicar as origens escondidas das três grandes religiões monoteístas que num conflito surdo prosseguem subliminarmente autistas e sem se entenderem na adoração, todavia, do Deus único.
E que poderosíssimo sinal seria este para o Mundo, para o coro dos escravos hebreus que somos, afinal e nos nossos dias, todos nós!
Se ninguém tomar a iniciativa de estender o ramo da oliveira e sem ambiguidades (!), como se poderão resolver os nós górdios que a todas elas, às grandes religiões monoteístas, as dilaceram e sem excepção, alimentando os putativos choques de culturas.
Sem que estas possam, tão pouco, em consciência, lavar daí as suas mãos!
A afirmação não implica mais a negação e esta, na aldeia global em que vivemos, apenas tudo atrapalha, estrangula e deixa de fazer sentido.

Em asas douradas
Encontrareis o descanso
A Terra Prometida
Que é esta
A Nossa
O Mundo

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http://www.youtube.com/watch?v=4BZSqtqr8Qk
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009

justitia et pax osculatae sunt

10 comentários:

Anónimo disse...

Os Que Traem

Já li muitas teorias sobre Judas Iscariotes, de traidor a discípulo preferido.

Sei apenas que Jesus escolheu os seus apóstolos, não foram eles que o escolheram.

Analisando o seu percurso e pensando no livre arbítrio, Judas não foi livre de o exercer, pois teria mudado o curso da História.

Digamos que existem dois sacrifícios, o de Jesus e o de Judas.

Os Que São Traídos

Existe traição na política, no amor, na amizade e contra nós próprios, que é a pior forma de desamor.

Por isso, tal como os escravos ansiamos por libertação, por perdão e por umas asas douradas que nos permitam voar mais alto.

Então eu ludibrio o ludíbrio.

Manuela Baptista

Anónimo disse...

ARBÍTRIO


No seu arbítrio, Judas mudou, contribui para mudar o curso da História.

Foi livre, não foi ...!?

Pergunta sem resposta ...!

No Seu arbítrio e com a ajuda dos Seus e do Seu tempo, mudou o curso da História.

Foi livre, não foi ...!?

Foi libertador!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009

Anónimo disse...

ADENDA


Enganei-me ao esquecer-me de, no quarto parágrafo, escrever como deveria, assim:

No Seu arbítrio e com a ajuda dos Seus e do Seu tempo, Cristo mudou o curso da História.

( ... )


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009

Anónimo disse...

POETÍCIA


Poeta Jornalista, Caro Amigo,

Nem de propósito!

O meu Amigo não podia ter escolhido melhor o momento para se retirar dos meus seguidores do que este em que edito A Traição e o Ludíbrio ...

Terá sido mera coincidência, admito-o mas o facto é que o Seu blogue tem qualquer coisa de desconcertante:

Poesia e literatura para a frente e para trás mas caixas de comentários vazias que se não fossem, ultimamente abrilhantadas por mim ... oh que pobreza!

Zero!!!

Claro que o meu Amigo é dos tais que entendem dever exercer, legitimamente, não o discuto (!), a censura prévia em relação àqueles que o podessem, eventualmente, comentar mas de princípio tudo parecia correr de feição entre nós.

Porém, a partir do Seu post sobre Donne, apercebi-me que os Seus humores tinham mudado.

Só me voltou a publicar uma vez, pese embora a minha insistência que passou a ser acompanhada de um arquivo que passei a fazer do que Lhe ía enviando, uma vez, dizia, e a propósito de uma citação de Gabriela Mistral!

Não que eu tivesse sido indelicado Consigo o que não me ocorreria mas porque ... vá-se lá a saber porquê!?

Literatura, poesia e ... lápis azul!

São três coisas que acentam, como se depreenderá, muito bem umas nas outras!!!

Assim se aquilata também da congruência literária, tem de admitir.

A literatura, a poesia também e enquanto manifestação da primeira são muito engraçadas e inócuas enquanto figuras de retórica mas aplicadas ao real, como o fazem os Artistas, cruzes, credo!

Ai de quando elas saem das empoeiradas prateleiras ...

Saiba que tive muito gosto em O conhecer, não o incomodarei mais!

Seu


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009

Anónimo disse...

Jaime,

A maior parte das vezes a traição existe apenas e só, para o traidor.

Beijinhos AMIGO

Filomena

jaime latino ferreira disse...

FILOMENA


Peço-Lhe desculpa, Minha Amiga, mas não estou de acordo Consigo, isto se A percebi bem.

Desejo que não saiba o que é, verdadeiramente, o sentimento de se sentir traído.

Pode crer que não é uma figura de estilo!

Ai não é não, Minha Amiga!!!

Beijinhos,


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Março de 2009

Anónimo disse...

Jaime,

Eu continuo na minha: a maior traição é trair... eu sei que estou a "censurar" ou a "coar" o que estou dizer, o que estou a pensar.

Eu sei o que é ser traído, até sei... e porque "joguei" nos dois campos... sei.

E continuo na minha.

E para isto que servem as palavras e é por isto que eu gosto de Si e de reflectir, e de não querer reflectir, e de lembrar e de não querer lembrar...


Beijinhos( muitos, para dividir com a Manuela)

Filomena

jaime latino ferreira disse...

QUERIDA FILOMENA


Reparou no título que escrevi nesta minha página?

Chamei-lhe A Traição e o Ludíbrio, isto é, estabeleci entre a primeira e o engano uma correlação como quem diz também que a traição é engano, ludíbrio.

Ele há o sentimento da traição, de se trair ou sentir traído mas ludibriados, os dois lados ou campos como lhes chama não abarcam nem correspondem ao conceito absoluto, absolutamente malévolo, ele próprio ludíbrio ou engano, arquétipo.

Porque ninguém trái sem que não seja assaltado pelos mais contraditórios sentimentos que igualmente atingem quem é traído num choque emocional que pode ser devastador.

Quem é mais devastado, o traidor ou quem é traído?

Eu, pela minha parte, atrever-me-ía a dizer que ambos o podem ser e que o abalo telúrico que se desencadeia pode ter irreparáveis consequências!

É, Minha Amiga, não se censure porque o jogo, como diz, é da máxima intensidade ... e de consequências as mais sérias também.

Beijinhos e boa noite


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Março de 2009

Anónimo disse...

Jaime, Bom Dia!

Concordo e assino... mas estamos os dois a a esquecer-nos do sentimento maior e mais belo, da atitude digna e verdadeiramente humana, que é o perdão!

Por vezes, tantas vezes, ouvimos dizer" perdoei mas não esqueci".O que é isso?
Perdoar é perdoar, é limpar, é esquecer, é começar de novo, é ir em frente, sempre, sem olhar para trás.

Perdoar, é aceitar, é construir.

Um Beijinho e outro e uma marradinha( para Si, para a Manuela e para a Tita)

Filomena

Poeta Jornalista disse...

Caro Sr. Jaime Latino,

«Poesia e literatura para a frente e para trás mas caixas de comentários vazias que se não fossem, ultimamente abrilhantadas por mim ... oh que pobreza!»

Quase um ano depois das suas rancorosas e frustradas palavras, venho por este meio clarificar que não há nem houve censura perante o seu «brilhantismo», apenas, por opção de moderação, as suas manifestações poéticas deixaram de fazer sentido enquanto comentários, na lógica do comentário. Se pretendesse colaborar com o blogue, como outros cidadãos o fazem, poderia simplesmente ter lançado uma proposta digna, clara e objectiva.

Mais afirmo que não pretendemos brincar aos blogues nem avaliamos a possível qualidade dos conteúdos mediante a popularidade e o número de comentários, porque Poetícia não é um blogue pessoal, nem mexeriqueiro, pretende antes ser imparcial e diverso procurando, com o amor e a paixão dos autores, divulgar e promover a Poesia que acontece em Portugal e um pouco por todo o Mundo.

A sua presença não incomoda, pelo contrário, é bem-vinda, por isso as caixas de comentários continuam excitantemente vazias à espera do seu regresso.

Poeta Jornalista,
blogosfera.