Não bastam as qualificações técnicas, académicas e os desempenhos profissionais, strictus sensus, para se avaliar da qualidade de quadros e dirigentes, trabalhadores ou profissionais que nas mais variadas áreas desempenham as suas mais ou menos estratégicas funções.
Não, não bastam!É indispensável a generosidade que falta, o sentido do serviço à comunidade e que quantas vezes, hoje mais do que nunca (!), implica o sacrifício sem o qual todas as aptidões referidas acima, indispensáveis que são, se tornam insuficientes e tanto mais quanto nos tempos que atravessamos e que de todos nos exigem mais, muito mais!
Hábitos instalados, rotinas e compadrios, coisa pouca mas tanta (!), atrever-me-ia a dizer, emperram as máquinas dos Estados na engorda que os vai, pelos seus crescentes défices, caracterizando e que ajuda, de que maneira, a explicar o ponto a que se chegou no cada vez mais omnipresente lugar que sobre todos nós, por via deles, se faz pesadamente sentir.
Na prevalência da reverência acrítica atrever-me-ia, ainda, a esmolar:
Eu preciso de um lugarzinho e desse lugar, sem fazer ondas, garanto ir a corrente sem ver o Lugar que é o Mundo ...
Corporativamente me instalo ao serviço da Corporação!
Sem olhar crítico que às minhas habilitações lhes confira dimensão ...!
Sem me tornar incómodo na graça do pãozinho que ao Pão o vai fazendo escassear!
E a escassez dessa dimensão, da dimensão Política das coisas, da Coisa Pública, ameaça arrastar-nos a todos, quais ratazanas aprisionadas em barco e sem saída, para o fundo.
Num buraco sem saída nem fundo à vista onde já não bastara a colossal dimensão ... do próprio Buraco! -
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Novembro de 2010