O poder político tem, historicamente, um longo historial, perdoai-me os pleunasmos e, na sua História a faceta da usurpação desempenha um papel não inteiramente sanado, seu pecado original incontornável e detonador permanente da eterna desconfiança que mina, como doença contagiosa que se propaga e corroe, os próprios fundamentos em que ele e a Democracia assentam.
Olhando-o em prospectiva não se lhe poderá deixar de reconhecer, ao poder político, um percurso onde a tendência para a sua democratização, mais e mais se acentua sob a ameaça, no entanto, de todas as permanentes derivas.
Basta olhá-lo e na sua trajectória, nos países democráticos, eles são-no e cada vez em maior número à escala global e em proliferação crescente desde o final da II Guerra Mundial, no declínio das orgias totalitárias.
Olhar para o papel que o exercício da cidadania tem, logo na proliferação, ela também crescente, de organizações não governamentais ou no papel que a imprensa livre e cada vez mais mediática neles vai desempenhando, lembremo-nos, por exemplo, de Watergate ou de como tudo se acelerou ainda mais com a imprevisível queda do Muro de Berlim ...
Ainda antes, o 25 de Abril de 1974, importará registá-lo como marco incontornável de uma revolução mítica praticamente sem sangue e ainda contra o espectro político de sinal contrário às que, depois, no leste da Europa tiveram lugar!
A importância das liberdades fundamentais e como elas se aprofundam e logo no manejo das novas tecnologias, estas que aqui utilizo e que vêm, por si mesmas, introduzir amplificação e aprofundamento incomensuráveis no exercício, embora dispersor, da cidadania ...
O 11 de Setembro e a escalada do terror, que nos interpela a trazer à tona o subterrâneo de cada um de nós, de cada um fazendo revelar o melhor que interceda e, eventualmente, ao terror contribua, na retaguarda, também para neutralizar!
A importância de salvaguardar a democracia representativa e o papel que, na sua salvaguarda e defesa, em nome da Democracia, tem e impõe o seu aprofundamento, enraizando-a ...
Mário Soares, então Primeiro Magistrado da Nação isto é, Presidente da República Portuguesa lançou o desafio, o desafio do aprofundamento democrático, no discurso ao Parlamento, a sede da Democracia, no décimo quinto aniversário da Revolução dos Cravos, dirigindo-se à Nação, a todos e cada um de nós, nesse já longínquo ano da graça de 1989 ...
E o homem, só e desperto, indefectivelmente apoiado pela voz da consciência crítica, não perdeu então a ocasião proporcionada e respondeu ao desafio tão dramaticamente, por ele, lançado e pôs-se a caminho ...
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( continua )
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Setembro de 2009
6 comentários:
MATEUS ARAÚJO
Seja bem vindo entre os seguidores do meu blogue!
Saúdo-o
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Setembro de 2009
Ligamentos históricos muito bem concebidos.
Manuela Baptista
Jaime!
Estou com a Manuela, sobre a lição de história.
"E se um homem" não haveria o perigo de se tornar um homem só? E um homem só, não se poderia tornar perigoso?
Um beijinho grande aos dois
Filomena
Beijinhos para a Filomena também.
Manuela Baptista
FILOMENA
Minha Querida,
O risco de um homem, homem ou mulher se tornar numa pessoa só, existe sempre, tanto como o de se tornar perigosa mas eles não são características, porém, condições sine qua non uma da outra.
Todos nós temos os nossos momentos de solidão e esses momentos não são, em si mesmos, perigosos:
O acto de criar, de escrever, de pintar, de compor música, de tomar algumas decisões, são actos a mais das vezes solitários que não perigam, necessariamente.
Muitas vezes, antes pelo contrário, revelam-se os actos mais acertados!
Mas aqui eu escrevo de um homem só no sentido de sozinho o que não quer dizer que não possa estar acompanhado do mundo inteiro, que queira estar acompanhado do mundo inteiro e mesmo que o mundo, aparentemente, lhe possa estar a virar as costas.
O que não quer dizer que devamos ser umas Marias que vão com as outras!
Essas, quantas vezes, revelam-se de uma perigosidade extrema ...!
Têr-me-ei feito entender?
Um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Setembro de 2009
É preferível ser um homem só(na multidão) do que Maria vai com as outras...
Perigoso demais ir com as Marias!
...
Beijos
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