Como muitos de nós, tive a minha educação religiosa, católica no caso.
Depois afastei-me da Igreja e passei por diferentes estágios em dégradée cromático, do ateísmo ao agnosticismo sem que, no entanto, alguma vez tivesse perdido a vontade de, pelo melhor, o que entendia ser melhor (!), contribuir para o bem de todos, da sociedade, de um futuro mais promissor ...
Foram avassaladoras experiências que, ainda hoje e porque não tenho memória curta nem me envergonho da minha história, me dão, ainda hoje, escrevia, para ver por dentro que do pior como do melhor existe e independentemente do que se professe.
Mais tarde e nas encruzilhadas da vida, confrontei-me com profunda crise existencial e nessa crise, literalmente, literalmente repito, deparei-me com a palavra, com o conceito Deus.
Deus escrito em português!
E nesse confronto fui assaltado por uma tremenda perplexidade que de lágrimas de oiro, parafraseando a canção de Gabriel Fauré, me deslumbrou, extasiou:
É que, em português e para lá do seu significado transcendente, num jogo infantil de letras ou numa sigla, Deus também é um Eu entre um D e um S, assim:
D ( EU ) S
Um D de dom, de divino, de ... Deus;
Um S de safar, de salve-se quem puder, de ... satânico.
Um Eu entre o bem e o mal agir.
Um Eu dividido, permanentemente dividido entre que caminhos trilhar, entre o egocentrismo, o egoísmo estreito e o agir para o bem comum!
E nesta perplexidade, reencontrei Deus e vi-O literalmente na palavra, na palavra portuguesa que O conceptualiza numa ligação ecuménica sem perder toda a Sua transcendência, por um lado e nem tão pouco o seu significado profano e que O humaniza, aproximando-O de nós, sacralizando-nos, diria e assim tão constitucional e simplesmente.
E nessa imensa perplexidade chorei um choro estrelado de lágrimas de oiro que, ainda hoje e passados tantos anos, me faz estremecer!
Estremecer de emoção estética.
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Setembro de 2009
12 comentários:
TETRALOGIA
EU E TU MULHER, O OUTRO E EU, EU e LÁGRIMAS DE OIRO formam entre si uma tetralogia, correspondente em música à forma musical da sinfonia.
Sintética sinfonia que tem em todos os quatro textos, movimentos ou andamentos, Gabriel Fauré como fio condutor e seu pano de fundo.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Setembro de 2009
lágrimas em fontes perdidas
lágrimas de Outono
em calor de Verão
lancei estrelas à terra
colhi Deus na multidão
em sinfonia serena
de campos floridos
crescidos
malmequeres amarelos
como lava
de vulcão
eu gosto mais de Concertos, Sonatas...mas vá lá, está muito bonito!
...este tempo Outonal a cheirar a Verão pôs-me tolinha!
Sou eu que ando por aqui...
Manuela Baptista
MANUELA BAPTISTA
Tolinha é que tu não és e faça frio ou calor!
Desconversadora, às vezes, um pouco mas até dá pica e se a tolice fosse assim não haveria chatice.
Beijinhos,
( Por onde andarão elas todas!? )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Setembro de 2009
No meu blog...
MB
MANUELA BAPTISTA
Hironia que baste mas não me intimidas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2009
Ironia sem aghá, claro!
( Por preciosismo na escrita transferi o h para o aghá )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2009
Bom dia, Jaime.
Lendo este ultimo texto (note que ultimo esta sem acento, nova gramática), que se vejo sua inquietude sobre Deus, e também sem saber se entendi bem, vou dar minha opinião, ou melhor, como vejo a religião de um ponto cruel. A história do Brasil é uma mistura, mas os nossos índios foram catequizados sobre doutrina cristã, mas foi feita com tanta violência que até hoje me pergunto se o padre aqui devorado por canibais não teve seu castigo, e sinceramente acho que é muito mais lenda do que história. Esse massacre em nome de Deus continuou com os africanos que vinham em navios negreiros já classificados socialmente como escravos e escória, estes usavam de esperteza tinham um altar com Jesus Crucificado e embaixo deste (altar) todas as suas entidades do candomblé, traduzindo, Oxum, Oxalá (Deus), Iansã (Nossa senhora do Carmo) então me vêm uma pergunta. Que Deus é este que chicoteia, intimida? – Sei que o homem usou esta desculpa para colocar em prática toda maldade e sordidez que carregava dentro de si. E hoje principalmente aqui no Brasil vemos uma infinidade de novas igrejas ou dogmas sendo criados em nome de Deus.
Desculpa pelo enorme comentário.
Renata
RENATA VASCONCELLOS
Minha Querida Amiga,
Nem imagina quanto a propósito vem Seu comentário:
É certo que me afirmo e sou católico apostólico romano mas não infira daí que dê cobertura a tudo o que, em nome de Deus ou do deus cristão se fez ou continua a fazer!
Olhe-me para a Inquisição e para o que, entre aqueles que eram os gentios, não os indígenas, perdoe-me a expressão (!), ela perpetrou!!!
E nem a propósito porque preparo-me para editar uma nova página e a que chamo MELHOR É DIFÍCIL onde me situo mais correctamente.
Desculpe-me mas tem de fazer o esforço de seguir o fio à meada mas, em todo o caso, obrigado pelas suas deixas que não tenho como contrariar!
A Igreja é, ela mesma, a Sua história o demonstra, pecadora e tem as mãos manchadas de sangue!!
Imaculada é a Virgem para quem nela acredite.
Não tem nada que pedir desculpa!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2009
RENATA VASCONCELLOS
Uma pequena precisão:
Referi-me aos gentios quando o que eu queria escrever era a própria comunidade cristã, europeia, autócone!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2009
"Liberdade é a propriedade de um ser de realizar em plenitude a sua natureza...Livre-arbítrio é um meio para realizar a liberdade"...
Eu passei também por diferentes estágios em degradee cromático...Acredito que só saí fortalecida,o que não me impede de continuar estagiando...rsrsrs
...
...Estou cuidando das minhas zebras,agitando-as em época de avaliações e de "Projetos" da III Unidade...
Volto logo,
beijinhos aos dois,
saudade.
LINDA SIMÕES
Minha Querida,
Já estranhava não A ver mas o livre arbítrio e as zebrinhas justificam tudo!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2009
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