terça-feira, 1 de setembro de 2009

E SE UM SÓ HOMEM ( I )

E se um só homem, cidadão, por uma extensa, profunda e longa manobra de cerco e sedução, sem recurso a exércitos ou tropas de choque, guerrilhas, jogadas opacas e palacianas de bastidores, antes com toda a transparência, sem o apoio de qualquer organização, sindicato ou partido e apenas pelo uso da palavra escrita, desenvolvida e remetida a destinatários de referência incontornáveis, fosse capaz, pela sedução, repito, que as suas palavras difundissem, sem recurso, tão pouco, a qualquer tipo de coacção física ou psicológica, fosse capaz, dizia, de conquistar o âmago do poder democrático?
Que o obrigaria, aliás, a esse homem, a uma exaustiva e prolongada prova de resistência em que aferidas pudessem ser as suas intenções e, nomeadamente, no que tocasse à sua capacidade de manter incólume a esperança e o benefício concedido a esses mesmos destinatários e por mais que se adensasse em silêncio, o feedback deles recebido de volta?
Silêncio que, simultaneamente, permitisse desenvolver e medir a extensão de uma Obra sem a qual, nova doutrina não seria produzida e, nomeadamente mas não só (!), no que dissesse respeito às suas vertente e dimensão políticas?
E se um homem, de mãos nuas e utilizando a palavra como arma exclusiva e de eleição, conquistasse o poder democrático, o único susceptível de conceder, em congruência, soberania à palavra e deste modo, ao poder o redimisse?
E se, ao redimi-lo, um só homem e pela sua consagração política redimisse a sociedade no seu conjunto, potenciando-a em energias e cromatismo até então bloqueados e insuspeitos?
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( continua )
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Estoril, 1 de Setembro de 2009

2 comentários:

manuela baptista disse...

Se um só homem tomasse o poder, seria apenas um homem só.

Eu não quero o poder para nada e tenho o poder de não querer o poder para nada.

Manuela Baptista

Nota: vou ouvir e ver a música com mais atenção, para tudo.

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA


Se um só homem tomasse o poder, não seria apenas um homem só, teria, pelo menos, a companhia de sua mulher!

E não teria sido para nada e ainda bem que tens o poder de não querer o poder para nada.

Seria antes para muito já que tudo é impossível.

Vai, vê e ouve os grandes mestres de um tempo ainda a preto e branco, num país ainda a preto branco mas de melómanos e gente normal!

Para tudo, como só poucas coisas como a música nos conseguem transmitir essa sensação de plenitude ...

Um beijo


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Setembro de 2009