segunda-feira, 14 de setembro de 2009

EDUCAÇÃO EM RUPTURA ( I )

Correm rios de tinta sobre a Educação ...
E, nem de propósito, vi hoje, encolhida na gare de uma estação de metro tentando passar despercebida na vergonha que carregava, uma jovem estudante universitária que, pelas marcas que ostentava na face e em todo o corpo visível, fazendo lembrar um pele vermelha de brincadeira politicamente incorrecta de índios e de cowboys, se atendermos ao inadiável início do ano escolar, dava, imediatamente, para ver que tinha acabado de ser praxada.
A praxe!
Ainda não se tinha dado o 25 de Abril de 1974 e entre aqueles estudantes mais politizados já se sabia, havia, aliás, entre eles uma marca solidária anti-praxe (!), já se sabia ser a praxe uma introdução humilhante ao ensino superior que os alunos entre si replicavam, em linha com o regime totalitário vigente, como se os preparando, pela resignação, para as humilhações que a vida toda, depois, lhes iria reservar.
Caiu o regime, instaurou-se a Democracia mas, como sabemos, o lastro autoritário permaneceu, subjacente, por todo o lado e nas mais inesperadas situações da vida, como seja a Escola enquanto santuário da Democracia que devia ser e espelhar!
Assim, hoje em dia, diante dos olhares indignados mas impotentes daqueles professores que, ao tempo, eram alunos politizados e que as continuam a condenar, nas escolas e com toda a impunidade, a praxe universalizou-se, dissertando os estudantes badamecos que a perpetuam e com ar doutoral, sobre as virtudes que esta tem na integração e na socialização ...
Já sei:
A julgar por essas inqualificáveis dissertações, essa indignante metodologia valorativa do mais forte devia ser reintegrada na escola como vector pedagógico axial e, já agora, desde a mais tenra idade!
Estarei equivocado ...!?
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Setembro de 2009
de cavalo para burro

14 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

QUERIDOS LEITORES


Saber ler, também é perceber a ironia que um bom texto contém e ela não tem de ser explicada, está lá!

Já agora, aproveito para Vos informar que hoje, dificilmente poderei aqui regressar de novo, já que me esperam compromissos profissionais que se arrastarão noite dentro.

Não estranhais pois!

Dar-Vos-ei a atenção que merecereis logo que, resolvidos estes, venha de novo ao Vosso sempre agradável convívio.

Bem hajam, Vosso


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Setembro de 2009

manuela baptista disse...

Podes ir, que fico cá eu já que se prevê, segundo as tuas palavras, um agradável convívio.

Como é que eu, com a minha longa (?) carreira de Educadora de Infância, nunca tive essa brilhante ideia de praxar os bebés?
Pintá-los todos, fechá-los em armários,humilhá-los e quem sabe até bater-lhes? Atirá-los pelas escadas não, porque isso já eles fazem sozinhos.

Os do Jardim de Infância já estão mais bem preparados, pois de há uns anos a esta parte surgiu uma cerimónia lindíssima, chamada Festa de Finalistas, em que os meninos de 6 anos colocam umas vestes pretas e um cubo na cabeça e ficam iguais aos jovens finalistas...Americanos.

Fico sempre muito comovida e com uma enorme vontade de PRAXAR as Educadoras pioneiras de tamanho disparate!

Como se vê as praxes dão imenso jeito, é só puxar pela cabeça e o efeito é surpreendente.

"E não se pode exterminá-los?"

Alguém se recorda desta peça da Cornucópia?

Manuela Baptista

Anónimo disse...

Meninos!


Muito me admira essa estudante estar envergonhada ( pelos vistos)

Aquilo a que se assiste é a uma excitação frenética de raparigas( na sua maior parte são elas) a exibirem as pinturas por toda a cidade!

Sempre fui contra praxes, desfiles , benção de pastas e outras coisas mais a que se assiste nas universidades.

Aliás, tenho a mesma opinião em relação aos trajos universitários.

Tradição é em Coimbra e aí até tolero.

O resto é uma exibição sem nível e totalmente desculturizante.

Lá inventei eu outra palavra.


Beijinho grande e desculpem o desabafo.



Filomena

manuela baptista disse...

É mesmo assim Filomena!

Aqui, até os jovens da Escola de Hotelaria do Estoril andam de trajes académicos!
E depois a servir à mesa é o que se vê...

Beijinhos

Manuela Baptista

Anónimo disse...

Essa foi a melhor do dia, Manuela!

Não posso crer!


Beijíssimos

manuela baptista disse...

E as Tunas?!!

As insuportáveis e dsafinadas Tunas?

Que mal fizemos nós...

Manuela Baptista

manuela baptista disse...

Digo,desafinadas.

Até como letras...

MB

Anónimo disse...

Bem estávamos aqui a noite inteira a cascar nos novos universitários

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK


esperemos que nenhum deles passe por aqui!

Vou ter de ir que amanhã lá me esperam os meus meninos.

Filomena

Ana Cristina disse...

Manela e Filomena

Acompanho-vos no humorístico ataque às praxes em geral desde os finalistas de "fraldas" até aos caloiros de chupetas!

Manela,e que tal praxarmos também as Educadoras que com fichas e fotocópias mandam os meninos pintar uma zebra,rsrsr...lembra-se das nossas "aventuras" pedagógicas!!??

Mas,nada de genaralizações,pois há muitos universitários que passam ao lado e se divertem com outras "praxes" ;))

Hoje começaram as aulas ..
Quando regressava a casa e passava pelo Campo Alegre onde se situa um dos pólos universitários da cidade do Porto,lá vi, de novo, os passeios e as paragens de autocarro chamuscadas com as capas e fatos pretos em dia de sol e calor.

Se pelo menos em vez de sapatos usassem assim umas havaianas coloridas ;)

As mulheres tomaram de assalto a caixa de comentários do blog do Jaime, para não variar, claro!

Patrão fora dia santo na loja.

Beijinhos às duas meninas que por aqui andaram.
Ana Cristina.

Jaime Latino Ferreira disse...

SE


Se a praxe fosse verdadeira integração, acolhimento na Escola, tudo bem mas a verdade é que, a mais das vezes não é disso antes do que refiro que, verdadeiramente, se trata!

E depois, essa fantochada toda que percorre a vida escolar desde o jardim de infância e que a Manela refere tão deliciosamente ...!

A menos que esses sinais dos tempos augurem que doutoradas já são as crianças e que depois, do que verdadeiramente se trata é de um sistemático e contínuo processo de desaprendizagem até voltar tudo ao princípio, de cavalo para burro, na humilhação, porque é dessa que escrevo, à entrada do ensino superior!

Ah, esquecia-me de dizer:

Já voltei!

Muito boa noite para todos, Vosso


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Setembro de 2009

Jaime Latino Ferreira disse...

ANA CRISTINA


Oh Patroa!

Mete-se a menina ao barulho mal chega o patrão ...!?

Chama-se a isso ser apanhada com a boca na botija!!

Se não fosse tão liberal, despedia-a!!!

Ai, ai, ai!

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Setembro de 2009

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Já reparaste que, até agora, ainda não apareceu ninguém que se lembrasse da peça da Cornucópia!?

Do título sim, lembro-me, mas da peça ...!???


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Setembro de 2009

Anónimo disse...

Eu não diria melhor! Desprezo o acto anti-democrático e humilhante, como tão bem classificou o Jaime.

Essa de usar o traje com havaianas coloridas é o máximo! Um toque de individualidade numa figura standerizada e ainda por cima tão deselegante, faz mais falta que o sapatinho do fundo do armário da mamã.

Jaime Latino Ferreira disse...

ANÓNIMO


Não sei como o/a trate mas não faz mal!

Seja bem vindo/a por aqui e obrigado pelo Seu reforço positivo.

Nem mais, Educação, verdadeira Educação com maiúscula implica reforço positivo isto é, incentivo, elogio, consideração.

A praxe, tal como pelos piores motivos se celebrizou é tradição a combater e abulir pelo que de replicante perpetua jogos de força que se negam, excluem pela humilhação, a força bruta, a desrazão que é tudo o que a Escola não deveria ser.

Prazer o meu no Seu comentário


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Setembro de 2009