quinta-feira, 11 de junho de 2009

ANATOMIA

A anatomia daquilo que escrevo contém-me a mim próprio e a mim próprio me vai, progressiva e morfologicamente revelando.
No tempo vou sendo o que fui, o que sou e o que serei ...
O meu corpo sublimado pelo espírito, não menos meu.
Nosso!
Nosso porque ao espírito, ao intelecto o partilhamos.
O verdadeiro corpo que logo no tempo se transfigura e sem sair, tão pouco, deste texto que se nas palavras com que se inicia se começa a desvendar já destas, neste parágrafo, se acrescenta e não sei, ainda, como se extinguirá.
Se a este texto somar todos os que até aqui escrevi neste blogue e a estes todos os outros que a ele, em abundância, o precederam e os tratasse devidamente, resultariam numa infografia plena de animação no espaço e no tempo, num corpo não este mas o que evolui até aqui chegar e para lá daqui num movimento perpétuo, em busca e ao encontro desejável do ... sagrado!
Dizei-me que não!?
E neste transfigurado sentir que extravaso e comunico, na sua autonomia anatómica descritiva, morfologia o corpo está lá, à mistura com o espírito, com a alma que não pára de cantar, o verdadeiro meu e antes que fuja, desapareça ficando, neste meu texto, por aqui.
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Junho de 2009
Rembrandt, Anatomia

5 comentários:

jaime latino ferreira disse...

NO DIA DO CORPO DE DEUS


DISSE!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Junho de 2009

manuela baptista disse...

Rembrandt

Quando eu era pequena tinha pavor deste quadro! No consultório do nosso médico, assim como em muitos outros,lá estava uma reprodução desta aula de Anatomia com o professor enchapelado, os barbudos (e velhos!) alunos e aquele pobre homem mortíssimo, atarracado,mal coberto e com o interior do braço despudoradamente exposto!
Incomodava-me e não conseguia desligar-me daquela cena até finalmente saltar para o colo do meu bom e simpático médico que não tinha semelhanças nenhumas com o representado no quadro, bem disposto sempre a achar que estavamos bem de saúde, se eu estava magra,não fazia mal porque estava rija e não me lembro de me ter receitado nada durante os primeiros anos da minha infância.

É verdade, o nosso corpo atravessa connosco a vida que vivemos, o que fomos, o que somos e o que seremos. O meu corpo é o mesmo que se sentava na cadeira ao lado da Anatomia e é o mesmo que a contempla agora nesta página.
Os dois momentos encontram-se agora no tempo.

SARIDON

A Filomena, num dos seus blogs, recordou a existência de um analgésico o Saridon e a sua caixinha azul e prata onde se lia "suprime as dores".

Na caixa da costura da nossa casa na Parede, no tempo em que ainda havia uma costureira todas as semanas para nos fazer os vestidos, existia uma caixinha igual, mas com agulhas!
Eu nunca tinha tomado um Saridon na vida e quando a "menina Luísa" nos provava os vestidos, invariavelmente picava-nos sem querer.
O mais difícil sempre foi perceber, como é que qualquer coisa que "suprime as dores" nos podia magoar.
A "menina Luísa" há muito que deixara de ser uma menina, era casada,tinha uma filha e era uma pessoa muito triste, mas tinha esta categoria de "menina" e uma tristeza cuja origem, as avós e tias escondiam de nós, as meninas verdadeiras.

Já o Brufen600, que eu também nunca tomei, parece que nos transforma, porque a Filomena tomou um e "desde aí nunca mais foi a mesma". Não sei se foi uma coisa boa ou não.

Peço desculpa por esta abordagem bifurcada do dia do Corpo de Deus e da Anatomia, mas foi para aqui que hoje o meu corpo e a minha mente me trouxeram.

Agradeço ao Jaime e à Filomena por me terem recordado, o Médico, a menina Luísa e a caixinha das agulhas da minha infância.

Com abraços,

Manuela Baptista

P.S.Declaro também à União das Farmácias que não tenho acções, nem outros interesses na indústria farmacêutica. Rejeito um acréscimo de pontos no meu Cartão das Farmácias, que por acaso não serve para quase nada.

Ana Cristina disse...

Manuela

O Saridon e o Brufen já têem genéricos.
Creio que fazem o mesmo efeito.
Claro que será impossível coleccionar algu,ma caixinha, pois as embalagens são de cartão.

Completamente sem sentido, eu sei.

1 abraço.
Ana Cristina

Jaime Latino Ferreira disse...

ANA CRISTINA


Então a sua mana lá foi de novo para Creta deixando os meus comentários pendurados quer num, quer no outro blogue!

Já viu!?

Num deles, provocatório, chamei-lhe felizarda.

Espero que não se venha a sentir tocada ...!

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Junho de 2009

manuela baptista disse...

Ana Cristina,

podemos sempre espetar as agulhas nas caixinhas de cartão, assim não nos picamos.

Completamente com sentido!

Abraços

Manuela Baptista