Quando se ouve música e para lá da sua análise, ela sente-se e o seu sentir, reactivamente, gera emoções, negativas ou positivas, emociona portanto e a emoção não tem nada de retórico.
De retórico no sentido inconsequente, pejorativamente livresco do termo.
Para lá da sua técnica e eloquência, a música como as artes são auto e biográficas porque a quem as cria como a quem delas usufrui, a ninguém deixa indiferentes!
A leitura obriga a um esforço adicional, pró-actividade acrescida que ou se desenvolve ou não.
Superada a passividade que vai da audição à leitura e saiba-se ler (!), esta última gera, pode igualmente gerar a emotividade, assim prevaleça também a qualidade do que se lê.
O que escrevo não é, no sentido de inconsequente, nada retórico, é vivido e traduzido neste impulso a um tempo emocional mas não menos racional e se se reflecte, em congruência, na minha práxis, não menos a ela a projecta na escrita.
Sou congruente com aquilo que escrevo e a própria escrita surge de rasgo, no fio da navalha e como tal se projecta!
Assim se saiba ler, repito ...!
Falar de um púlpito e entenda-se este como a oralidade que logo se projecta para uma assembleia ou mediaticamente para o grande público, obriga a um esforço retórico, o indissociável acto de representar, nem sempre coincidente com a práxis do orador.
Há sempre, nessa postura, qualidade intrínseca no discurso que se perde desvirtuando-o e que dele logo retira a autenticidade do testemunho que sendo individual, só pode é ser, na sua complexidade, interpelativo.
O que eu escrevo é congruente, tem a contenção da escrita, importantíssimo (!), e se é eloquente e nesse sentido retórico, é-o por se fundar na minha práxis!
Eu escrevo por mim, coerente com aquilo que faço!
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( Aqui, se há retórica, ela deve-se à eloquência de Bach que somada à eloquência das Leituras, retóricas (!?), nos canta que para aquele Sacrifício veio Um e se veio, veio não para nos agrilhoar à replicação da Sua Gesta na preservação à outrance de um status quo mas sim para nos Libertar, agora como depois! )
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Junho de 2009
3 comentários:
Não sei muito bem o que posso acrescentar à tua retórica, eloquência e congruência.
Eliminando o sentido pejorativo dos termos e sendo a Retórica a arte de bem falar, deveria provocar emoções, ser emocionante.
O problema é dos que se acham emocionantes e afinal não têm nada para dizer.
Talvez se voltasse a ser ensinada na Universidade...
Já a congruência faz-me lembrar geometria, os triângulos congruentes e como sabes esta matéria nunca foi o meu forte,ou seja foi o meu fraco.
Resumindo (?), desenvolveste bem estas três graças, acompanhadas por Bach e Sir John Eliot Gardiner!
Despeço-me graciosamente,
Manuela Baptista
Volto aqui para acrescentar que a Eloquência da gravura é bela, mas vaidosona!
MB
MANUELA
Vaidosona ou, talvez, edipiana, vou mais por aqui!
Como me dizias e eu sempre suspeitei este é dos tais textos onde o retorno, parece (!?), não se fazer sentir nesta caixa ...
Não é por isso que menos vale.
Ele tem mesmo toda a oportunidade, especialmente num tempo em que as pessoas, na sua imensa dificuldade em se exporem, em falarem em discurso directo, se refugiam atrás de generalizações que julgando muito interessantes, comovem cada vez menos quando não afastam cada vez mais!
Obrigado por me associares nas graças a tão grandes como o são Gardiner ou Bach.
Tendo-te há muito ganho na tua graça, já ganhei o dia também!
Um beijo
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Junho de 2009
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