sexta-feira, 26 de junho de 2009

SELVA PANTANOSA

A PREPOTÊNCIA COMUM
-
Somos todos capazes de assestar baterias ao institucional por omissão ou abuso
indiferença ou compadrio
-
Olhe-se
no entanto
para o comportamento padrão
em relação ao cidadão comum
-
Se alguém foge da norma
de um comportamento previsível
-
Se alguém ousa questionar
quando tal não se esperaria
no incómodo que a interrogatividade suscita
-
Se alguém olha mais longe
e sobretudo
sem que tenha um qualquer aval ou chancela
-
Se alguém
e tanto mais próximo quanto o for
inesperada
legitimamente se afirma
-
Se alguém
se atreve a não seguir os trilhos da ortodoxia
-
Logo desaparece todo o espírito crítico
como se as pessoas se sentissem desarmadas
defraudadas
despidas
elas mesmas questionadas
adensando-se um silêncio
esquivo e esmagador
que ultrapassa qualquer outra praxe
-
Revela-se este em selva
como bioma armadilhante
ratoeira que à Árvore
em vão
a tenta asfixiar
impedindo-a
desafiando-a a crescer
-
A clareira
a claridade desaparece
num torvelinho pantanoso
de enganos
-
Mas
e se esse alguém
erguendo-se
e voltando outra e outra vez a erguer-se
não mais parar de persistir
e no que indefinida
e congruentemente crie
se tornar incontornável
-
( Na morte de Michael Jackson, a todos os Criadores no seu processo de afirmação )
-
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Junho de 2009

5 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

NOTA


Não se dirige o que aqui escrevo, a todos aqueles que de alguma maneira, comentando ou de outras formas e já são muitos (!), me têm dado o Seu apoio.

Cada qual apoia como sabe e pode!

A todos esses o meu muito obrigado


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Junho de 2009

Maria Emília disse...

Linda e merecida homenagem a Michal Jackson. Junto a minha à sua voz. U
Um abraço,
Maria Emília

Isabel Venâncio disse...

Olá, Jaime
Sempre atento ao que vai pelo mundo.
Aprecio essa postura. Difícil é acompanhá-lo.
Embora não sendo fã do Michael Jakson, parei em frente ao televisor, ontem à noite, quando soube a notícia.
E, ali, me quedei um pouco.
Pensei na vida estranha e conturbada que sempre vi associada ao nome dele.
Revi interiormente o video clip que fez... há quantos anos?
Sempre gostei desse vídeo e da dança dele, que ficou e marcou um estilo.
Punhamos, então, de lado o lado negro que lhe possa ter enegrecido a vida.
Fiquemo-nos com o ritmo e o balouçar do corpo.
A dança dele, as luzes do David e a música ... perdidas no tempo.
Porque, finalmente, é o Tempo e sempre o Tempo que nos vai ligando no seu tecer contínuo.
Posso fazer minhas as suas sábias palavras?
Isabel

jaime latino ferreira disse...

MARIA EMÍLIA E ISABEL VENÂNCIO


Tenho que ser sincero convosco:

O texto desta minha página já estava escrito e com ele as imagens e a música seleccionadas, antes de saber da morte de Michael Jackson.

Achei, no entanto, poder nele associar-me também à morte deste artista que consigo arrastou multidões por todo o mundo e logo porque a selva pantanosa de que na minha página escrevo interpela o artista, o criador no seu percurso, antes e depois da consagração.

Não sei mesmo se mais ainda, depois de consagrado ...!

A responsabilidade que o criador, o artista consigo carrega, tem então de se demonstrar blindada, à prova de todas as balas.

Esse é o desafio maior que em permanência interpela o artista, o criador, o actor e que o acompanha pela vida fora.

Muitas vezes sobe-se a pulso e atinge-se o topo e num piscar de olhos se cai ao peso da selva pantanosa!

Obrigado a estas duas minhas Amigas, Vosso, disponham sempre


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Junho de 2009

manuela baptista disse...

Na Selva Pantanosa podemos abrir ou fechar a porta da Terra do Nunca.

Somos mais poderosos do que pensamos e muitas vezes as ratoeiras onde caímos foram colocadas por nós.
Digo-o a pensar nos que andamos por aqui e em Michael Jackson pequenino, criança sem uma infância de menino, que foi obrigado a crescer mas não queria, preto mas desejando ser branco, bizarro mas com um ritmo alucinante e pernas mágicas.

Nunca saberemos se os espectáculos programados seriam uma desilusão e os seus milhões de fãs não o verão envelhecer, o que para ele deverá constituir um alívio.

As obras constroem-se e os mitos também. Nesta selva pantanosa.

Manuela Baptista