domingo, 30 de agosto de 2009

QUEM SOU

Georgio de Chirico, 1917
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Eu sou o que sou mas também sou o que quero ser!
Cronologicamente, a minha vida pode ser descrita nos seus traços mais relevantes cuja importância, aliás, diverge de acordo com a perspectiva e no que ao próprio, a mim mesmo me concerne, esses traços não conferem, seguramente, com a oficialidade de um percurso, tão redutor que é na descrição de si, de mim mesmo.
Eu não me limito a ser qualquer contextualização que de mim, por mim próprio ou terceiros se pretenda fazer.
A cronologia é, por sua própria definição, o Passado de mim mesmo e nenhum de nós é, numa sistematização que se queira com rigor, apenas o Passado.
O Passado é, por suposto, a aproximação ao que eu fui mas o que fui não se poderá nunca perceber sem o desejado Futuro, aquilo que quero ser, as metas que pretendo alcançar, à luz das quais, aliás, melhor se poderá perceber essa mesma cronologia biográfica, relato dinâmico que nem se extingue, tão pouco, no momento Presente, que passa, que já passou.
Sem projecto de vida, o aglomerado de factos cronológicos de uma qualquer existência pouco sentido fazem e por extensas que sejam as habilitações, licenciaturas ou graduações que de qualquer ordem se possam apresentar.
Já o mesmo não se pode dizer de um percurso, à luz dos seus objectivos aplicados, repito, aplicados e, convenhamos, dos objectivos enunciados de uma vida que são fundamentais para se avaliar, com congruência, o que move quem quer que seja e que sentido fazem, afinal, quaisquer habilitações, marcos que se apresentem.
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Ser doutor
sem causa
arte
é viver
num mundo à parte
é encher um mealheiro
podendo ser-se
trapaça
é pensar em si primeiro
e esquecer o mundo inteiro
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Agosto de 2009

6 comentários:

manuela baptista disse...

Começando por baixo

Recreação musical:
presumo que a mão no violino seja a de Manfred Kraemer. É uma fotografia muito bonita!

O porco, as torradas aparadas e o chocolate quente:

quando era pequena tive um mealheiro que não era porco, mas um cofre verde que dizia Montepio.
Todos os meses ia à Baixa, mais precisamente à rua do Ouro ou Áurea, com a minha mãe e despejávamos com toda a pompa o conteúdo do falso cofre nas mãos de um senhor que eu pensava chamar-se Monte Pio.

Depois lanchávamos na pastelaria Ferrari, chocolate quente e torradas aparadas a pingar manteiga e íamos ver os brinquedos aos Armazéns do Chiado. Era mesmo ver, porque prendas só havia no Natal e nos anos.

Agora não tenho um porco nem tão pouco um mealheiro, mas continuo a aturar os senhores Monte Pio quando nos impingem as soluções mais vantajosas!
Sempre pensei que uma solução era para um problema e não para uma aplicação monetária, mas parece que estou enganada.
O facto de nos aplicarmos é por si só um problema!

Os Doutores:

são aplicados, porque de outra forma não seriam doutores, mas seguindo o raciocínio anterior se são aplicados constituem uma aplicação logo, são um problema.

E finalmente:

O que somos
fomos e seremos
o que temos
não temos e tememos
amamos e queremos
ou não queremos
somos o que somos
e também o que não somos
partículas aplicadas
em inventar caminhos
em desvendar sonhos
desviar suposições
e outras questões
traçando rotas
futuros e destinos

Grande Final:

este comentariozinho não é uma retaliação por esta meia dúzia de páginas dos últimos tempos, é por si só uma Obra Prima!

Agora só volto cá para o mês que vem!

Manuela Baptista

manuela baptista disse...

Recado à Filomena

Eu penso que as borbulhas (ver http://aminhavidaesominha.blogspot.com/, mas todos metemos a colherada) são uma alergia à aproximação do ano lectivo ou então o nome ideal de um filme, "As ingloriosas bastardas" (as borbulhas claro!) que poderá ser realizado por Quentin Tarantino com argumento da minha autoria.
Temo apenas pela segurança da sua cabeça...

Peço desculpa de escrever aqui mas o seu blog é hermético.

As melhoras e feliz regresso

Manuela Baptista

Anónimo disse...

Comecemos pelas senhoras:

Manuela,
Essa sugestão de título e realização e autoria( guião) nunca me passariam pela cabeça!
Agrada-me, só não me agradam as bastardas!
Jaime!

Fenomenal o poema! Dia tudo.

Beijos aos dois


Filomena

Anónimo disse...

Ah!
e gostei do acrescento ao blog!
É mesmo isso!
A vida é nossa mas os outros estão lá, mas isto era ir para campos filosóficos e está muito calor, uma autêntica sopa!
diga ao Jaime, que brevemente lhe( vos) mandarei fotos da dita palmeira, do jardim( acho que tenho e até da sala.

É o Zé que as tem no computador dele e tem que procurar... entretanto vou mandar um link onde ele tem uma série de fotografias.

manuela baptista disse...

Filomena

A minha sugestão parafraseava "Inglorious bastards" que afinal podiam se considerados heróis. O título português do filme é bem pior...

Manuela Baptista

Jaime Latino Ferreira disse...

NOTA DE RODAPÉ


Sempre que me entram por aqui, a Filomena e a Manela, dão-me a volta ao juízo e atiçam-no ainda mais!

Manuela

Com que então o conceito aplicado não te passou despercebido e só voltavas no mês que vem!?


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Agosto de 2009