sexta-feira, 28 de agosto de 2009

INVENÇÃO

É o homem uma invenção de Deus ou Deus uma invenção do homem?
Invenção:
Imaginação produtiva ou criadora, capacidade criativa, inventividade, inventiva, descoberta ou criação, faculdade de criar, de conceber algo novo ou de pôr em prática, de executar uma ideia, uma concepção, coisa que se dá como verdadeira, invencionice, fantasia, descobrimento, achado, inventos da ciência, da técnica, da medicina ...
Tudo isto retirei do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Invenção!
Quando alguma coisa se inventa, cria, concebe, diz a modéstia que deve prevalecer, na atitude artística, técnica ou científica, que se inventa até que o tempo ao invento ou descoberta os venha a suplantar, ultrapassar ou, pura e simplesmente, pôr em causa.
Esta atitude é, implícita, parte integrante daquilo que aos criadores os move, a descoberta sempre inacabada da verdade, sob pena de o próprio espírito que a eles tem de presidir se ver adulterado numa deriva bloqueadora da abertura de espírito sem a qual a arte não se expande, a técnica emperra e o espírito científico definha, deriva e se subverte.
Para os crentes, por seu lado, Deus é uma questão de fé e logo, insusceptível de ser demonstrado.
Contudo, seja qual for o ponto de partida de que se parta, a probabilidade ou a fé, esta é uma discussão sem fim e que os alavanca e sempre, a História o demonstra, convenhamos, a ambos os pontos de partida.
A invenção, contudo, é comum a ambos.
Foi Deus que inventou, criou o Homem ou foi o Homem que inventou, criou Deus?
Pergunta:
Não é a invenção, a criação em si mesma, terreno suficientemente fértil e comum, vasto, susceptível de os mobilizar a ambos os campos e independentemente do ponto de que se parta?
Se foi o Homem que inventou Deus, que espírito é esse de tal maneira vasto, até ao improvável, que permitiu que chegássemos até aqui?
Que invenção maior essa que, igualmente, permite questionar até que ponto é que o Presente não é, ele mesmo uma invenção e cada um de nós também!?
Ou então, se Deus criou o Homem, que parte relevantíssima não tem ele, o Homem, na própria Criação!?
E por fim, nesta intersecção ou encruzilhada, que necessidade existe de continuarem, um e outro campos barricados nas suas trincheiras como se em guerra civil permanente continuassem a viver e dela, acossados, tivessem absoluta necessidade para sobreviverem?
Como se lhes faltasse, a uns e a outros (!), convicção bastante que os obrigasse a estarem sempre a jogar numa aguerrida defensiva!?
Não contem comigo para qualquer choque confessional, já que o ateísmo é, ele próprio, uma confissão, aquela que acredita que não crê, ou ideológico, de religiões, cultural tão pouco, campo fértil para quem, ainda que diga o contrário, na Humanidade não acredita de todo!
Choque que, aliás e na oportunidade dos tempos que correm, no seu cerne alimenta, em si mesmo, todos os fundamentalismos, laicos ou confessionais e neles incluídos os fundamentalismos do terror!
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( A necessidade aguça o engenho, o aguço engenha a necessidade e o engenho necessita do aguço, do estímulo.

E o que é o estímulo, o input, o impulso?

Eu, pela minha parte, e podendo dar-lhe uma infinidade de nomes, sei muito bem de onde ele vem e que nome dar-lhe, mas vindo e sendo de natureza confessional, não o quero estar a impôr a ninguém nem tal é, para o caso, de bem sopesada relevância! )

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Jaime Latino Ferreira

Estoril, 28 de Agosto de 2009

2 comentários:

manuela baptista disse...

Mas que grande invenção!
Desde Mao, a Fidel, passando por Gandhi e Shirley Temple.
É melhor pôr os óculos para observar melhor!

Quanto ao texto, os 10 minutos e 1 segundo de Bach não são suficientes para o entender, quanto mais para o comentar.

Parafraseando a Filomena, vai com calma!

Manuela Baptista

Jaime Latino Ferreira disse...

CALMA


A calma
acorda-me a alma
levanta-a
na palma
da mão
como rasgo que é são

A calma
é como um salmo
escrito
do fundo
e a palmo
é a vontade que acalmo
quando pinto
o que não minto

A calma
como invenção
deixa-me o coração
a pulsar
sem se acanhar
é o lugar
do meu estar


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Agosto de 2009